Tal como a razão teórica tem como objetivo a compreensão objetiva do mundo, a razão prática se volta para a esfera da ação, visando elucidar os fundamentos racionais que subjazem às nossas escolhas morais. Essa capacidade humana de reflexão sobre as próprias ações induz a conexão entre a razão teórica e a prática, pois as razões que nos levam a agir de determinada maneira é, em essência, um empreendimento de uma investigação filosófica sobre a natureza do bem e do mal, similar àquela que realizamos ao indagarmos sobre a natureza do mundo físico. Assim, a razão prática impulsiona nossas ações, permitindo-nos transcender nossos instintos e agir de forma deliberada e consciente. A ética, então, é a disciplina que se interessa pela conduta humana, ou seja, por aquele tipo de ação que é peculiar ao ser humano. O querer humano, assim entendido, é um querer racional, orientado por princípios que vão além da mera satisfação de necessidades biológicas. A partir disso, é na condução dessas ações que se concretiza a razoabilidade, isto é, a inteligência prática que nos direciona para a ação, possibilitando que nossos atos sejam guiados pela razão, estabelecendo uma ponte entre o pensamento e a ação prática. Por isso, a ética jamais se limita à reflexão, pois ela é fundamentalmente prática; a ação é seu foco principal, ainda que a razão seja seu alicerce.